Nem concelebração, nem arqueologismo: história e simbolismo das casulas plicadas

Originalmente, a casula era uma vestimenta civil, que os romanos tomaram dos etruscos já no primeiro século da Era cristã, tornando-se logo uma vestimenta elegante e usual. Tratava-se de uma peça circular, com uma abertura no centro para se passar a cabeça, cobrindo o corpo até os joelhos. Literalmente, casula quer dizer “pequena casa”, por se assemelhar a uma pequena tenda. Aos poucos, a casula substituiu a toga, tornando-se vestimenta senatorial em 382 d.C. Assim, os cristãos também usaram a casula, mas à medida em que ela se tornava uma vestimenta de honra e das altas funções do Império, os cristãos preferiram reservá-la aos seus próprios tribunos e senadores, isto é, os ministros sagrados.

Um afresco do século III retrata um Bispo consagrando uma virgem nas catacumbas de Santa Priscila. Nesta época, a casula não tinha ainda sido reservada ao celebrante, mas era usada também pelos demais ministros do altar, diácono e subdiácono. Todavia, como o ofício dos ministros do celebrante é servi-lo, logo se preferiu dobrar a parte frontal das suas casulas, para facilitar o manuseio com os vasos sagrados — donde o nome recebido: casula plicada. Além disso, do canto do Evangelho até o fim da Missa, o diácono enrolava a casula, formando uma larga banda de tecido e recobria a estola, para estar ainda mais livre no exercício da sua função.

A partir do século V a casula plicada foi substituída pela dalmática e pela tunicela —vestimentas dotadas de mangas — para o diácono e o subdiácono, respectivamente. Tal novidade só foi admitida tardiamente em Roma e, apesar disso, a Liturgia romana preferiu conservar as casulas plicadas para a Quaresma e tempos de penitência. Com efeito, a dalmática era de confecção fastuosa, representando a alegria e a inocência, e que durante muito tempo só admitiu a cor branca — donde esse paramento não convir para a Quaresma, o Advento e os outros dias de penitência.

Quando se vê uma Missa solene em que os três ministros estão de casula, que impressão isso causa para um espectador do nosso século? Trata-se de uma concelebração? Ou, então, de um arqueologismo, isto é, a recusa da tradição litúrgica em nome de “estudos recentes” que prometem reconstruir mais fielmente o passado da Igreja? As casulas plicadas são o testemunho tanto do passado antiquíssimo do Rito Romano quanto da fidelidade que todas as gerações que nos precederam tiveram para nos transmitir não apenas a lei da Fé, mas também a lei da oração

Pe. Ivan Chudzik

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