O Sacramento da Eucaristia

“Se entre todos os Sagrados Mistérios que Nosso Senhor e Salvador nos confiou, como meios infalíveis para conferir a divina graça, não há nenhum que possa comparar-se com o Santíssimo Sacramento da Eucaristia: assim também não há crime que faça temer pior castigo da parte de Deus, do que não terem os fiéis devoção e respeito na prática de um Mistério, que é todo santidade, ou antes, que contém em si o próprio Autor e fonte da santidade.” (Catecismo Romano)

De fato, a Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento espiritual.

Esse milagre incomensurável acontece durante a Santa Missa, no momento preciso da consagração. Esta é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue. Essa conversão, que todos os dias se opera sobre os nossos altares, é chamada pela Igreja transubstanciação, que quer dizer uma mudança de substância sem que sejam mudadas as aparências ou acidentes.

Estão na Eucaristia presentes todos os elementos de um verdadeiro Sacramento, que vem a ser o sinal sensível e eficaz da Graça. Mais ainda, ela não só representa e produz a Graça santificante ou um aumento da mesma, como nos outros sacramentos, mas também atualiza (torna presente diante dos nossos olhos) a fonte da mesma graça, que é a morte de Cristo, e o objetivo final da graça, que é nossa vida eterna no Céu. De fato sob as espécies de Pão e Vinho, que são o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor, estão representados o nosso alimento espiritual – que é nessa vida a graça (participação na vida do próprio Deus) – e também a nossa vida eterna – onde o nosso único alimento será a contemplação de Deus na visão beatífica. Está ainda representada, de forma místico-sacramental, a Paixão e Morte de Nosso Senhor, pela separação do seu Corpo e do seu Sangue.

Assim resumia São Tomás esses efeitos maravilhosos no seu ofício da festa de Corpus Christi: O sacrum convivium…

Assim Jesus Cristo instituiu a Santíssima Eucaristia para ser o sacrifício da nova lei, para ser alimento da nossa alma, para ser um memorial perpétuo de sua Paixão e Morte, e um penhor precioso do seu amor para conosco e da vida eterna.

A forma do sacramento são as próprias palavras de Nosso Senhor em sua instituição: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue, pronunciadas pelo ministro que é o padre, sobre a matéria que são o pão de trigo e o vinho de uva.

Os principais efeitos que produz esse sacramento em nós são: em primeiro lugar, a conservação e o aumento da vida da alma, que é a graça, do mesmo modo com que o alimento material sustenta e aumenta a vida do corpo; depois, ele perdoa os pecados veniais e preserva dos mortais e, enfim, ele produz consolação espiritual. Além disso, a Santíssima Eucaristia produz em nós outros três efeitos, a saber, enfraquece as nossas paixões, em especial amortece em nós o fogo da concupiscência, aumenta em nós o fervor e ajuda-nos a proceder em conformidade com os desejos de Jesus Cristo e, por fim, dá-nos um penhor da glória futura e da ressureição do nosso corpo.

Por tudo isso, o sacramento da Eucaristia não é só bom para a nossa alma, mas necessário, de tal maneira que Nosso Senhor disse: “Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos.” Para que os católicos não ficassem afastados por muito tempo desse Pão da Vida, a Igreja colocou como um dos seus cinco preceitos a obrigação de comungar todos os anos pela Páscoa da Ressurreição e, podendo, comungar também em perigo de morte.

Entretanto, como em todos os sacramentos, para que a Eucaristia tenha seus efeitos benéficos, é necessária a boa disposição daqueles que a recebem. Especificamente nesse sacramento, a boa disposição consiste em uma boa preparação e uma boa ação de graças. Para fazermos uma boa preparação, devemos nos entreter algum tempo a considerar quem é Aquele que vamos receber e quem somos nós; em fazer atos de fé, de esperança, de caridade, de contrição, de adoração, de humildade e de desejo de receber a Jesus Cristo. Para fazermos uma boa ação de graças depois da comunhão, devemos nos conservar recolhidos a honrar a presença do Senhor dentro de nós mesmos, renovando os atos de fé, de esperança, de caridade, de adoração, de agradecimento, de oferecimento e de súplica, pedindo sobretudo aquelas graças que são mais necessárias para nós e para aqueles por quem somos obrigados a rezar.

Pe. José Luiz Zucchi, IBP.

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