Meditação – Maria Santíssima, modelo de caridade para com o próximo

Maria Santíssima, modelo de caridade para com o próximo

“Nós temos de Deus este mandamento, que o que ama a Deus, ame também a seu irmão” Jo 4,21

 Sumário

O amor para com o próximo nasce do amor para com Deus. Ora, nunca existiu, nem jamais existirá, quem mais que Maria Santíssima amasse a Deus, assim nem houve, nem haverá, quem mais que a Santíssima Virgem tenha amado e ame o próximo. Basta saber que esta sua caridade a levou a oferecer à morte, entre as dores mais acerbas, e pela nossa salvação, o seu Filho unigênito. Felizes de nós se soubermos imitar uma mãe tão carinhosa. Ela usará para conosco da mesma caridade que tivermos para com o próximo.

I

O amor para com Deus e para com o próximo nos é imposto no mesmo preceito: Nós temos de Deus este mandamento, diz São João, que o que ama a Deus, ame também a seu irmão. A razão é óbvia, diz Santo Tomás, porque quem ama a Deus, ama todas as coisas por Deus. Mas visto que não existiu, nem jamais existirá, quem mais que Maria amasse a Deus, também não houve, nem haverá, quem mais que a Santíssima Virgem tenha amado o próximo. Sobre esta passagem dos Cânticos: “O rei Salomão fez para si uma liteira… revestiu-a de caridade por causa das filhas de Jerusalém”, o padre Cornélio a Lápide diz que esta liteira foi o seio de Maria, no qual habitou o Verbo Encarnado, enchendo sua Mãe de caridade, a fim de que auxiliasse a qualquer que a ela recorresse.

Vivendo neste mundo, foi Maria tão cheia de caridade, que socorria os necessitados, mesmo sem que lhe pedissem; como fez precisamente nas bodas de Caná, quando pediu ao Filho o milagre do vinho, expondo-lhe a aflição daquela família: “Eles não tem vinho”. Oh, quanto ela se apressava, quando se tratava de socorrer o próximo! Quando, por ofício de caridade, visitou a casa de Isabel, foi com pressa às montanhas (Lc 1,39). Não pôde, porém, demonstrar melhor a sua grande caridade que oferecendo à morte o seu Filho pela nossa salvação, pelo que São Boaventura diz: “Maria amou o mundo de tal modo, que deu por ele o seu Filho unigênito”.

Esta caridade de Maria para conosco não é menor agora que ela está no céu; muito ao contrário, como diz o mesmo São Boaventura, ali muito se tem aumentado, porque conhece melhor as nossas misérias. Pobres de nós, se Maria não rogasse a nosso favor! Revelou Jesus Cristo a Santa Brígida que, se as súplicas da divina Mãe não intercedessem por nós, não haveria esperança de misericórdia.

II

Bem-aventurado aquele (diz a divina Mãe) que presta atenção aos meus preceitos, e observa a minha caridade, para depois, à minha imitação, praticá-la com os outros: “Bem-aventurado o homem que me ouve” (Pr 8,34). Afirma São Gregório de Nazianzeno que, para adquirirmos o afeto de Maria, não há coisa melhor do que usar caridade para com o próximo. Por isso, assim como Deus nos exorta: Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso, assim parece que Maria diz a todos os seus filhos: Sede misericordiosos, assim como é misericordiosa a vossa Mãe.

É certo que segundo a caridade que nós usarmos para com o próximo, Deus e Maria usarão para conosco, conforme diz Jesus Cristo, que nos medirá com a mesma medida com que tivermos medido aos outros. Numa palavra, conclui o apóstolo, a caridade para com o próximo é útil para tudo, e nos faz felizes nesta vida e na outra, porque tem a promessa da vida presente e da futura (I Tm 4,8); e quem socorre os necessitados faz com o que o próprio Deus lhe fique sendo devedor (Pr 19,17).

Ó Mãe de misericórdia, vós sois cheia de caridade para com todos, não vos esqueçais de minhas misérias. Vós as conheceis. Recomendai-me a Deus, que nada vos nega. Alcançai-me a graça de poder imitar-vos na santa caridade tanto para com Deus como para com o próximo. E Vós, Ó meu Jesus, tende piedade de mim; perdoai-me todos os desgostos que Vos dei, particularmente pela minha pouca caridade com o próximo. Perdoai-me, Senhor, e não me entregueis a mercê das minhas paixões, como mereceria. Se prevedes para o futuro eu tenho de Vos ofender novamente, deixai-me antes morrer agora, que espero estar na vossa graça. Fazei-o pelos merecimentos da caridade de Maria Santíssima, vossa querida Mãe.

Extraído de “Meditações para todos os dias do ano” – Tomo II

Por Santo Afonso Maria de Ligório

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