O Rosário da Santíssima Virgem Maria

Para muitos, é uma oração cansativa, entediante e repetitiva, que está ultrapassada para as necessidades da espiritualidade hodierna, mas esta não passa da opinião daqueles que não conhecem ou ainda não souberam rezar o Rosário.

O Rosário foi dado por Nossa Senhora a São Domingos de Gusmão, em 1214, após o frade ter passado três dias em duríssima penitência e oração pedindo pelo fim da heresia cátara, a qual não só conduziu muitas almas para a perdição eterna como também trouxe grandes prejuízos para sociedade católica. A Santíssima Virgem aparecera ao fundador da Ordem dos Pregadores para entregar um instrumento privilegiado de salvação, capaz de converter os corações endurecidos.

Séculos se passaram, e quando o comunismo ateu ameaçava se instaurar na Europa e em todo o mundo, Nossa Senhora novamente interveio em favor de seus filhos, na aparição de Fátima, Portugal, em 1917. Além de pedir a Consagração da Rússia e a devoção ao seu Imaculado Coração, a Mãe do Céu indicou qual o remédio para os males da nossa época: “rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”. Em todas as tribulações e padecimentos da Santa Igreja a recomendação da Santíssima Virgem nunca é diferente: perseverar na oração do Rosário. Mas que valor e importância teria a devoção dada por Nossa Senhora para ser remédio em todos os males e perigos?

Para compreender a riqueza do Rosário, é preciso primeiramente conhecer o lugar reservado por Deus à Mãe do Verbo encarnado na salvação do mundo. Com efeito, Nosso Senhor Jesus Cristo poderia ter vindo ao mundo sem a necessidade de uma mãe; mas se Ele quis e predestinou Maria para ser Sua Mãe, é porque iria fazer dela um auxílio constante na difusão de Sua graça. Por esta razão, Nossa Senhora não é apenas intercessora, como também Co-Redentora, íntima participante da salvação do mundo por vontade de Seu próprio Filho Jesus. Maria foi predestinada a ser criatura mais excelsa na ordem da graça, cuja vontade só quer aquilo que seu Filho quer. Nela não se pode encontrar a mancha de nenhum pecado, sequer o original, pois viveu sempre em plena conformidade com a graça superabundante que Deus havia lhe dado, de modo que o demônio jamais pôde ter parte na Mãe do Verbo encarnado. O Coração Imaculado de Maria só aderiu à vontade de Deus, e por ser a criatura mais perfeita e agradável, superior a todos os anjos e santos, que Maria pode suplicar tudo o que lhe pedirem a Deus e sempre será atendida. Mesmo a intercessão dos santos passa por Nossa Senhora, pois o Criador quis fazê-la Medianeira de todas as graças, instrumento pelo qual os pobres pecadores alcançam a misericórdia de Deus. Recorrer a Maria não é diminuir o lugar de seu Filho Jesus, ou igualá-la a Ele, porque quem recorre a Maria só quer chegar a Jesus, e somente Nossa Senhora pode nos unir perfeitamente a Cristo, ela a Mãe da Divina Graça, o instrumento escolhido pelo próprio Deus para dispensar a Sua graça aos homens.

O Rosário é, por sua vez, a Oração que mais toca a Mãe de Deus, porque roga a sua intercessão repetindo a saudação do Anjo e de Santa Isabel, ambas inspiradas pelo Espírito Santo. Mesmo o mais miserável dos pecadores tem segurança de ser atendido, pois sabe que é Maria Santíssima quem suplica em seu lugar, oferecendo a Deus uma oração doce e agradável, que jamais será recusada por causa da santidade e pureza do seu Coração Imaculado. Quem reza o Rosário reconhece que só pode chegar a Jesus por Maria, pois se foi por Maria que o próprio Jesus quis nascer ao mundo, será por ela que Ele agora nasce nos corações dos homens pela graça, por intercessão daquela que é cheia de graça.

Mesmo o Rosário sendo uma devoção mariana, isto não impede a sua natureza cristológica, porque tudo converge para Jesus por Maria. O Rosário não é uma alternância repetitiva de Pai-Nosso e Ave-Maria, pois a oração vocal (a que é feita com palavras, seja em voz alta ou em pensamento) é o complemento da oração mental (a meditação), feita na contemplação dos mistérios. Sem meditação não há Rosário, e por isso os mistérios do terço não são meras “demarcações” entre as dezenas, mas o motivo pelo qual se reza a dezena: para se suplicar fervorosamente, por intercessão de Nossa Senhora, a graça ou o fruto daquele mistério.

O Rosário nos faz contemplar a vida de Jesus e de Maria, e ver a profundidade e riqueza de cada evento do Filho de Deus e de Sua Mãe Santíssima, que são verdadeiros mistérios para nós, cheios de doutrina, de sabedoria e de graça, que se desvelam aos olhos daquele que medita, que põe a sua inteligência e a sua vontade sob a ação do Espírito Santo, para que o próprio Deus nos faça conhecer a verdade e amar o bem em cada mistério meditado. Só reza com fruto o Rosário quem se demora pelo menos uns instantes nos mistérios contemplados e busca compreender a sabedoria neles encerrada, para assim imitar a Jesus e a Maria, e fazer de Maria a via que nos leva à íntima união com Jesus.

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